10/01/2023

Luta

1. A greve e a manifestação são direitos em democracias liberais.

2. Durante a nossa história recente, esta é uma forma que os trabalhadores tem para demonstrar e reivindicar os seus direitos.

3. Durante os meus 20 anos de trabalhador, penso que nunca fiz greve, nem mesmo quando fui professor. Pois, para mim. a greve é o fim da linha. E a realidade demonstra que a greve, hoje, é apenas mais um meio para os trabalhadores se manifestarem.

4. Em Dezembro foi anunciada uma greve por parte dos professores, em Janeiro alargada ao pessoal não docente. O sindicato que anunciou esta greve, STOP, não tem aparentemente nenhuma ligação a partidos de esquerda, apesar dos seus membros serem de esquerda (pelo menos é a ideia que tenho)

5. Esta greve tem vários motivos, desde logo a revisão das carreiras, a remuneração e, a novidade é, o facto do governo querer passar para a esfera dos agrupamentos ou autarquias a contratação dos professores.

6. Entretanto esta medida já foi anunciada, pelo ministro da educação, que não avançará.

7. Sobre as reivindicações: progressão nas carreiras, é justa a reivindicação, pois há uns que sobem outros não, e havia uma "promessa" que sendo professor e cumprindo uns critérios minimos, a progressão estava garantida, com a introdução de cotas, a "promessa" virou miragem; a remuneração, é igualmente justa, para mim a mais justa, um professor tem de ser bem pago, pois estamos a falar de homens e mulheres que estão a ajudar a construir o futuro de Portugal; o novo modelo de contratação, é justa na medida em que estão a mudar as regras do jogo a meio do mesmo.

8. Pessoalmente, e conhecendo um pouco esta realidade, tirando a parte da remuneração, sou contra a maioria das reivindicações dos professores, ou pelo menos na forma como são apresentadas.

8.1 A progressão nas carreiras, por princípio não há problema, mas a questão é como? Basta anos de serviço? Como é feita a avaliação dos professores? Notas dos alunos? Testes? Avaliação dos seus pares? Formações que fazem? Penso que os professores precisam de ser avaliados, mas não pode ser um faz de conta. Em última análise, estamos a falar de pessoas que avaliam quantitativa e qualitativamente os seus alunos e depois recusam a mesma avaliação para si.

8.2 Contratação dos professores, sou a favor, por princípio, da medida do governo, ou seja descentralização na contratação dos professores. O problema pode ser a forma como esta será feita. Havendo critérios claros e mensuráveis, parece-me justo e equitativo que sejam os agrupamentos, com uma equipa de recrutamento, que contrate o melhor professor para a sua realidade e objetivos.

9. Esta greve, tem demonstrado algumas situações interessantes e caricatas:

9.1 A prova de que há instrumentalização dos sindicatos por parte dos partidos, pois os outros sindicatos não acompanharam o STOP e até boicotaram as formas de luta que este sindicato teve.

9.2 A forma inovadora, pelo menos para os professores de fazer greve a parte do dia e não o dia todo, e/ou o fundo de greve.

9.3 Alguns agrupamentos, principalmente os diretores, lidam mal com este direito e tentam boicotá-lo de todas as formas.

9.4 Revela como a classe dos professores não é unidade, pois não se conseguem organizar e motivar para lutarem pelos seus direitos.

10. Temos uma escola pública que precisa de professores motivados e de qualidade, mas a realidade é que isso não acontece.

11. No Algarve, precisamos de uma escola pública forte e competitiva entre si, pois o privado é residual e a qualidade do mesmo é discutível.

12. O Algarve é cada vez mais um parque temático, que serve para ser visitado e não habitado.
 

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